domingo, 31 de maio de 2009

sábado, 30 de maio de 2009

Espectáculo

Hoje confronto o mundo
Segredo da alma
Expira sorrindo
Pálido e sorrindo
A alma sorri
Enquanto sorri
Confronta o mundo
Sorrindo
Pálida e triste
Dor profunda
No segredo se esconde
Pálida e dolorosa
Alma
Doí
Tudo doí.

Silêncio, entrou
O mundo caiu
O mundo sentou-se
Assistiu
Emocionou-se
Pálido
Sorrindo
A alma entrou
O mundo odiou
Sorriu e gritou
Dolorosa dor
Pálida
A alma saiu
O mundo expirou
O mundo caiu
Saudade
Ver uma outra vez
O mundo sentou-se
Mais um dia
O mundo
Odiou
Pálido e sorrindo
Emocionou-se
Silêncio, acabou
O mundo levantou-se
Eco de trovoada
Saiu, saiu
A alma ficou
Acabou
Morreu.

Charles Henry

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Exaustão Física e Mental

Finalmente atingi um dos meus objectivos; a exaustão física e mental.

São 6h50 da manhã e eu à mais de 24h que não fecho os olhos. Que duros dias... uns dizem que só faz é bem, outros que sou louco. Louco? Louco tenho a certeza que não sou; mas esforço-me para ser... talvez e respirar.

Tenho sono, não nego nem oculto. Tenho muito sono. o pior não é ter sono. Pior é o facto de que tenho ensaio daqui a duas horas e estou cheio de sono. Amanhã é dia de dois ensaios. E eu cheio de sono. Trabalho, trabalho, trabalho... Trabalho para mim e para os outros, não me queixo. Sempre de sorriso na cara e um "não há problema" pelo meio. Não é falso, nunca. Mas tenho sono...


Estou esgotado,

Fisicamente e mentalmente.


Ainda tenho 20 minutos para trabalhar... melhor aproveitar.

Bom dia.

domingo, 24 de maio de 2009

Ser Decadente II


Quem lhe deu a oportunidade de ser criança?
Quem lhe deu a oportunidade de saber ser feliz?
Quem lhe deu a oportunidade de viver numa casa?
Quem lhe deu a oportunidade de poder-se sentar a uma mesa e comer?
Quem lhe promete que poderá beber água sempre que tiver sede?

Quem lhe olhou nos olhos e disse que a mãe ou ele próprio não seriam mortos no segundo seguinte?
Quem é capaz de-lhe explicar que nos continentes vizinhos e nos outros países todos desperdiçam comida, todos desperdiçam água;
Que todos vivem bem menos ele?
Que todos brincam menos ele?
Que todos comem menos ele?
Que todos vivem no mais perfeito sentido da palavra menos ele?

Quem me promete que ele ainda luta para ter comida, água e felicidade?

Este mundo nos teus olhos e não no teu ecrã de televisão, jornal ou revista; que farias?

Ser Decadente

Somos aqueles que quanto mais unidos mais destruímos;
Somos aqueles que proclamamos guerra em nome da paz;
Somos aqueles que abatemos aquilo que construímos;
Somos aqueles que dão vida enquanto matam, vivem enquanto morrem.

Somos aqueles que suspiramos porque tudo está mal;
Somos aqueles que à beira na inexistência nada fazemos;
Somos aqueles que estendem a mão para se agarrarem a si mesmos;
Somos aqueles que voamos alto, não para subirem todos mas para caírem todos.

Somos aqueles que ouvem a voz de Deus e não partilham;
Somos aqueles que sabemos olhar para nós e não para os outros;
Somos aqueles que dão preço à vida e não valor;
Somos aqueles que Deus tem vergonha de ter criado;

Somos aqueles em que uma minoria tem vergonha de o ser;
Somos aqueles que apareceram assim e morrerão assim:


Somos decadentes e sabemos sê-lo; no total sentido da palavra.


Charles Henry

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Arte da Lágrima

Um movimento na literatura teatral.


"Todo eu sofro. Todo eu sou dor. Todo eu sou doença. Eu sou o limite do fim da vida e do início da morte. Não vivi, não vivo, não vou viver."


A definição da vida humana como inexistente. Existindo para ser o seu próprio fardo, os seus próprios problemas, o seu próprio sofrimento. Encarando isso saber que o fim da vida é a solução, no entanto, obrigado a vive-la até ao fim já destinado e não auto decidido. O pior do ser humano é sentido e vivido na pele e na mente constantemente até ao final. Não há escapatória, está destinado, irá ser concretizado. Até ao fim e nunca antes.

Ter consciência desse defeito ou doença e, no entanto, nada poder fazer para se curar. Doenças que vão ao limite da existência humana que metem em causa os seus pensamentos e desejos mais obscuros. Numa primeira obra, A Demência, aborda-se o defeito mais natural e mais retratado no ser humano, a morte. Nascendo com um inconsciente incontrolável, a personagem que carrega esta doença mental, Johnny, não consegue impor limites nas suas acções de aniquilamento. Não é necessitado nenhum impulso para despertar o inconsciente, pode acontecer da maneira mais imprevista com qualquer outra pessoa, mas nunca com ele próprio. É-lhe impossibilitada a opção de se poder suicidar. Tem de carregar o fardo até ao fim, até o destino decidir que acabou. Nesta peça, Johnny, vive numa casa onde paz é algo inexistente. A sua mulher odeia-o e, do mesmo modo, passam os dias inteiros a discutir. Entre eles está o mordomo da família, que pressiona Johnny a tentar curar-se e está Lloyd uma personagem comum nas obras deste movimento, a personagem sem uma descrição base. É de depreender que o leitor dê a sua interpretação à personagem Corchete (Suporte).

O final da vida do Homem que carrega o fardo é traçado e previsto quando este atinge o máximo ou limite da doença. Sendo o melhor exemplo, quando Johnny mata a sua filha. Depois de a matar tenta suicidar-se e morre pelas suas próprias mãos.

Ainda que pouco explícito, este é um movimento literário teatral ainda em evolução, tentado tornar-se, ao longo do tempo, cada vez mais consistente, estando ainda numa primeira fase.


Charles Henry

Charles Henry - Diário de actor 3

Sinto-me vergado e desgastado.

Hoje perdi o controlo. Esqueci-me quem era e onde estava. A cabeça já não aguentava mais memórias imaginárias, mais visões falsas de outra pessoa. Suprimi tudo vezes seguidas e rebentou. Perdi o controlo.

Desculpem.


Charles Henry

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Rascunhos de Demência

Simplesmente não sabia como reagir; estava petrificado. Os meus dedos sorriam, as minhas mãos tremiam e todo eu era felicidade. O sangue escorria e não interessava. Todo eu era felicidade. O mundo deixou de existir. Era eu e ele, o corpo. A mente ausente queria pesar-me, mas não pesava. Olhei com cuidado, analisei a situação, ponderei e inocentemente, de forma irracional, esbocei um sorriso. Foi tão natural. O grito dos outros não me afectava; era melodia. Uma linda melodia. O primeiro, Frank. Foi o primeiro de muitos, mas o primeiro. O primeiro é o mais importante. É o que marca. É o começo.

Afaguei-a de encontro ao meu peito. Abracei-a com todo o carinho que me sobrava. Ela olho-me nos olhos e sorriu. Proclamou palavras de amor e ternura e suavemente sussurrou desculpa. Eu disse que não fazia mal e perdoei-lhe. Ela ajoelhou-se no chão tão pequenina. Não pensei duas vezes. Não pensei. Pai, pai, pai! Relembrei-me como que a acontecer de novo. Pai, pai, pai! Cala-te, dizia eu para dentro. Em poucos momentos o mundo caiu. A sua face escorria pelas minhas mãos lentamente. Porra! Percebi que era incontrolável. Dominava-me. Uma doença. A pior que se pode ter. A minha morte fora de causa, mas a dos outros, a dos que eu amo sempre na ponta do precipício. Bati-lhe vezes sem conta no peito. Acorda, acorda! Dormia descansada e perturbada. Apaguei a memória e descansei. Afastei a dor e sorri. Acabou. E agora doí. Agora doí tanto. Quero dormir e não posso. A minha mente doí tanto e não consigo acalma-la. Perdoa-me. Perdoa-me, mas não posso perdoar-me. Nem eu nem ninguém. Descansava. não existia mais, mas agora parece que me quer castigar. Assombra-me. A dor voltou. Pior que antes. Quero que pare. Quero descansar.


Charles henry, Demência