sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Arte da Lágrima

Um movimento na literatura teatral.


"Todo eu sofro. Todo eu sou dor. Todo eu sou doença. Eu sou o limite do fim da vida e do início da morte. Não vivi, não vivo, não vou viver."


A definição da vida humana como inexistente. Existindo para ser o seu próprio fardo, os seus próprios problemas, o seu próprio sofrimento. Encarando isso saber que o fim da vida é a solução, no entanto, obrigado a vive-la até ao fim já destinado e não auto decidido. O pior do ser humano é sentido e vivido na pele e na mente constantemente até ao final. Não há escapatória, está destinado, irá ser concretizado. Até ao fim e nunca antes.

Ter consciência desse defeito ou doença e, no entanto, nada poder fazer para se curar. Doenças que vão ao limite da existência humana que metem em causa os seus pensamentos e desejos mais obscuros. Numa primeira obra, A Demência, aborda-se o defeito mais natural e mais retratado no ser humano, a morte. Nascendo com um inconsciente incontrolável, a personagem que carrega esta doença mental, Johnny, não consegue impor limites nas suas acções de aniquilamento. Não é necessitado nenhum impulso para despertar o inconsciente, pode acontecer da maneira mais imprevista com qualquer outra pessoa, mas nunca com ele próprio. É-lhe impossibilitada a opção de se poder suicidar. Tem de carregar o fardo até ao fim, até o destino decidir que acabou. Nesta peça, Johnny, vive numa casa onde paz é algo inexistente. A sua mulher odeia-o e, do mesmo modo, passam os dias inteiros a discutir. Entre eles está o mordomo da família, que pressiona Johnny a tentar curar-se e está Lloyd uma personagem comum nas obras deste movimento, a personagem sem uma descrição base. É de depreender que o leitor dê a sua interpretação à personagem Corchete (Suporte).

O final da vida do Homem que carrega o fardo é traçado e previsto quando este atinge o máximo ou limite da doença. Sendo o melhor exemplo, quando Johnny mata a sua filha. Depois de a matar tenta suicidar-se e morre pelas suas próprias mãos.

Ainda que pouco explícito, este é um movimento literário teatral ainda em evolução, tentado tornar-se, ao longo do tempo, cada vez mais consistente, estando ainda numa primeira fase.


Charles Henry

Sem comentários:

Enviar um comentário